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Apoiando cônjuges/parceiros acompanhantes durante a realocação

Published: quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020
Suzie Chapman

Com a mudança das necessidades de realocação de colaboradores, a mobilidade deve se adaptar para apoiá-los. Isso é especialmente importante ao se considerar o apoio de cônjuges/parceiros que trabalham. De acordo com a pesquisa mais recente da Agência de Estatísticas de Trabalho,1 quase metade dos casamentos dos EUA consiste em casais de carreira dupla. O aumento desse percentual tem sido constante na Europa, de acordo com a pesquisa da Modern Fatherhood,2 e também no Japão, de acordo com o Bank of Japan Review.3  O aumento desses números já é esperado, considerando-se que o principal motivo pelo qual os colaboradores recusam uma transferência internacional é a possível interrupção da carreira do parceiro.O que tudo isso significa para o programa de mobilidade de uma empresa? Se as partes interessadas quiserem maximizar o potencial sucesso das realocações e transferências dos colaboradores, podem precisar considerar o fornecimento de suporte do cônjuge/parceiro antes, durante e depois de uma realocação.  

Na economia mundial de hoje, duas rendas são frequentemente necessárias para garantir a prosperidade de uma família. Por esse motivo, os casais podem só ter condições financeiras para realocar se as duas pessoas puderem trabalhar. Além disso, uma oportunidade para um parceiro poderia representar risco de desemprego ou perda de oportunidade de desenvolvimento de carreira para o outro. A realocação pode ser menos atraente para alguns casais, se não forem oferecidas provisões para o cônjuge/parceiro acompanhante,

O sucesso de uma transferência ou realocação depende não apenas da transição bem-sucedida de um colaborador, mas também da capacidade de adaptação do cônjuge e da família acompanhante no novo local. Quando os casais são realocados e o cônjuge/parceiro empregado anteriormente não consegue trabalhar, pode ocorrer uma sensação de perda de identidade, resultando em decepção, ressentimento, falta de confiança e até mesmo raiva. Caso não seja oferecido treinamento cultural e de idioma, isso pode aumentar a sensação de isolamento. Tudo isso pode gerar tensão para o relacionamento do casal, prejudicando a produtividade e o engajamento do colaborador. Em última instância, isso pode prejudicar o sucesso da realocação e/ou da transferência.  

Desafios associados a relocações de carreira dupla

Suporte de cônjuge/parceiro: Com um número tão crescente de famílias de carreira dupla, encontrar colaboradores que estejam dispostos a aceitar uma designação internacional pode representar um desafio. Para a expansão e a preservação do grupo de talentos de uma empresa, é fundamental que se considere oferecer suporte aos cônjuges/parceiros nas áreas de treinamento intercultural e de idioma (para garantir a assimilação do ambiente hospedeiro), serviços de instalação, subsídio para cônjuge/parceiro, assistência de emprego/transição e/ou reembolso de cursos de educação continuada e credenciamento, se não houver possibilidade de emprego. O envolvimento ativo do cônjuge/parceiro durante todo o processo de realocação pode ajudar a fornecer um sentido de capacitação; fornecer apoio para emprego ou educação será fundamental para manter o sentido de valor e importância do cônjuge/parceiro.  

Permissões de trabalho: As exigências e elegibilidade para permissão de trabalho para cônjuges e parceiros diferem de país para país, portanto, é recomendável que a ajuda de um especialista em questões de imigração avalie a elegibilidade no início do processo de verificação do candidato. Embora alguns países concedam status de trabalho se o cônjuge/parceiro encontrar um empregador para se inscrever em seu nome, outros oferecem essa oportunidade automaticamente. Alguns países reconhecem parceiros não casados ou parceiros do mesmo sexo, enquanto outros não. Conhecer as regras e normas do local de acolhimento é fundamental para se determinar se um candidato se sentirá bem ou não ao considerar uma realocação internacional, e se as condições no país de destino apoiarão as necessidades de sua família.

Não reconhecimento de qualificações do país de origem: Nos casos em que um cônjuge/parceiro acompanhante tiver permissão para trabalhar em um país anfitrião, mas suas qualificações não forem reconhecidas, podem ser necessárias atualizações de habilidades e cursos para que a pessoa encontre trabalho e se mantenha competitiva. Considerando que as mudanças internacionais são iniciadas em prazos curtos, buscar esse nível de preparação e alcançar um nível de proficiência linguística aceito pela indústria pode representar um desafio.Mesmo nos casos em as qualificações das pessoas são reconhecidas e há oportunidades de emprego suficientes, preferências de currículo, estilos de entrevista, avaliações de gestão de desempenho e técnicas de pesquisa de trabalho podem divergir culturalmente.

Sentimento de pertencimento do cônjuge/parceiro: Quando um colaborador aceita uma transferência internacional, tanto o colaborador como o cônjuge acompanhante deixam seus sistemas de apoio e meio familiar para trás. Entretanto, enquanto o colaborador tem uma oportunidade imediata de desenvolver uma rotina diária e novos relacionamentos através do trabalho, o cônjuge acompanhante pode sentir uma perda de direção ou de propósito, especialmente se tiver uma carreira no país de origem. Sem uma rotina diária ou a capacidade de se comunicar com vizinhos, funcionários de lojas ou potenciais amigos, os cônjuges/parceiros também correm o risco de se sentir isolados e solitários.

O que as empresas podem fazer para apoiar cônjuges/parceiros acompanhantes

Apesar das barreiras e dos desafios para apoiar cônjuges e parceiros acompanhantes durante a realocação de um colaborador, é importante valorizar e oferecer esse apoio, pois muitos candidatos preferenciais não podem considerar a realocação sem isso. Essas disposições devem ser claramente definidas dentro da política de mobilidade da empresa. Recomendamos o seguinte ao considerar o apoio para cônjuges/parceiros acompanhantes:

Faça sua lição de casa: Certifique-se de determinar a elegibilidade do cônjuge/parceiro para trabalhar segundo a política da empresa e o ponto de vista específico do país, e esteja ciente das normas atuais do país anfitrião sobre permissão de trabalho. Se o cônjuge/parceiro não for autorizado a trabalhar no país de destino, defina claramente o suporte que será disponibilizado em vez disso. Por exemplo, o reembolso de mensalidades pode ser um atrativo para pessoas que quiserem conquistar diplomas ou que estiverem vislumbrando a oportunidade de mudar de carreira. Se a realocação for de longo prazo ou permanente, financiar a atualização das qualificações da pessoa no país de destino também seria uma boa providência a ser tomada. Organizar oportunidades de voluntariado também pode oferecer benefícios exclusivos para cônjuges e parceiros acompanhantes, acrescentando experiência no exterior aos seus currículos. 

Manter um canal de comunicação: Depois de identificar possíveis desafios, incluindo limitações de trabalho ou hábitos culturais específicos do local de destino, mantenha um canal de comunicação direta com o funcionário e o cônjuge/parceiro. Além de ajudar a definir e administrar expectativas, isso também oferecerá uma oportunidade de desenvolvimento de um plano de assimilação para o cônjuge/parceiro.

Apoiar a busca e manutenção de trabalho Considere fornecer orientação de revisão de currículo com base nas tendências e preferências do país de destino, uma análise do mercado de trabalho, leads de emprego e serviços de busca para ajudar o cônjuge/parceiro a encontrar emprego. Treinamento cultural e de idioma deve ser adicionado para apoiar a assimilação do novo ambiente e para desenvolver uma conscientização das normas do local de trabalho que podem variar muito com relação às normas do país de origem da pessoa. Um treinamento de entrevista que leve em consideração as diferenças culturais também pode ser extremamente útil. Depois que a pessoa encontrar emprego, considere o reembolso das taxas de transporte (para transporte público) ou um aluguel de carro, se apropriado. Como alternativa, se o cônjuge/parceiro tiver habilidades que permitam trabalho remoto,  orientação e assistência com trabalho autônomo/prestação de serviços e custos de inicialização pode ser uma opção; mas não se esqueça de consultar um especialista no assunto e orientar a pessoa sobre implicações fiscais que possam ou não ser algo a se considerar no local de destino. Lembre-se também que os cônjuges/parceiros de expatriados podem ser uma fonte de talento. Oferecer-lhes empregos diretos ou prestações de serviço pode fornecer benefícios mútuos para os indivíduos, os funcionários e a organização.

Conecte-os: Para garantir que um cônjuge/parceiro acompanhante tenha uma chance melhor de assimilar os novos arredores, pesquise grupos de redes locais e organizações de apoio ao expatriado (ao vivo e online) e incentive-os a participarem. O treinamento cultural e de idioma desempenha uma parte significativa para ajudar as pessoas a construírem novas redes de apoio, tanto pessoais quanto profissionais. Certifique-se de que uma conexão de internet forte estará disponível na casa de destino, pois a conexão da pessoa com a família e com os amigos no país de origem também será importante. Cada uma dessas medidas é extremamente importante para garantir um sentimento de pertencimento no novo local de destino e para manter os relacionamentos previamente estabelecidos no país de origem.

Pense nos aspectos fiscais quando for fornecida assistência à permissão de trabalho: Se a empresa se responsabilizar pela permissão de trabalho do cônjuge/parceiro, será necessário definir se a receita do cônjuge/parceiro será ou não equalizada e, em caso afirmativo, se será equalizada integral ou parcialmente. Isso deve ser definido na política de equalização fiscal da empresa (renda de cônjuge/parceiro é geralmente classificada como renda pessoal), já que as implicações da receita de cônjuge/parceiro sobre custos de equalização fiscal podem ser significativas.

Apoio ao cônjuge/parceiro – um sábio investimento

Como o controle de custos continua sendo uma prioridade máxima para muitas empresas hoje em dia, pode ser tentador para as partes interessadas considerarem apoio ao cônjuge/parceiro como sendo despesa estranha ao processo. No entanto, isso não poderia estar mais longe da verdade. Na verdade, os custos iniciais incorridos com o fornecimento desse apoio podem ser incidentais quando ponderados em relação aos custos associados com trabalhos no exterior que não deram certo devido à incapacidade do colaborador e do cônjuge/parceiro de assimilar seu novo ambiente, a insatisfação do cônjuge/parceiro que prejudica o engajamento do colaborador, ou a escolha de selecionar um candidato menos qualificado para uma função em vez da pessoa certa para o trabalho.

A NetExpat divulgou que 33% dos empregadores apresentaram um aumento no desempenho de seus colaboradores quando fornecido apoio aos seus parceiros em trabalhos no exterior.5 Cada vez mais candidatos qualificados para realocação integram famílias de dupla carreira. Oferecer apoio ao cônjuge/parceiro não só promove a produtividade e o engajamento dos colaboradores durante uma realocação - isso amplia e fortalece o grupo de candidatos que as empresas têm para escolher.

 

  1. Bureau of Labor Statistics, Employment Characteristics of Families (Agência de Estatísticas de Trabalho, “Características de emprego das famílias) – 2018,” Comunicado à imprensa,18 de abril de 2019, https://www.bls.gov/news.release/pdf/famee.pdf
  2. Helen Barrett, “Employers baffled by dual-career couples with joint ambitions” (Empregadores perplexos com casais de dupla carreira com ambições conjuntas), 14 de junho de 2018,https://www.ft.com/content/18fe6cd6-6e52-11e8-92d3-6c13e5c92914
  3. Ko Miura e Masato Higashi, “The Recent Increase in Dual-Income Households and Its Impact on Consumption Expenditure” (O aumento recente em lares de renda dupla e seu impacto sobre gastos de consumo), novembro de 2017, Análise do Bank of Japan, https://www.boj.or.jp/en/research/wps_rev/rev_2017/data/rev17e07.pdf
  4. Equipe NetExat, “RPS Facts: Reshaping Perspective” (Fatos RPS: Reformulação da perspectiva), 14 de agosto de 2019, https://www.netexpat.com/rps-facts-global-mobility-going-forward
  5. Equipe NetExat, “Facts RPS: Reshaping Perspective”, 14 de agosto de 2019, https://www.netexpat.com/rps-facts-global-mobility-going-forward

 

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